PALAVRAS EM LUITA
quarta-feira, 25 de janeiro de 2012
BEIJOS E PALAVRAS
POEMA-CANTIGA
Fluem palavras estranhas dos teus beiços
já nom compreendo o sentido do teu querer
antonte falavas-me no ouvido com doçura
hoje tua lingua da nojo em todo o meu ser.
Nom quero pensar das trovas fermosas
que já nom escuito com grande emoçom
nom sei que me dim essas raras palavras
cantando cantigas dessoutra “nación”
Da mágoa os estragos que fai na memória
um virus maligno que impide expressar
a voz que transmite quem é nosso povo
qual nossso caminho, qual nosso cantar.
Eu quero possuir umha voz forte e ceive
que ninguém se oponha minha lingua falar
nem cantigas cantar berrando aturuxos
que nom me de nojo tua lingua ao beijar.
BELÉM GRANDAL
A SERPE
A SERPE
Fria e viscosa serpe que se abraça
afoga minha voz e quita a vida
enquanto muda a húmida coraça
eu procuro o caminho da fugida
mas é agil e arrasta sua figura
até atingir a força estremecida
que origina e cria minha amargura
e destrui a via pela que caminho
causando destroços com impostura
mas, ainda assim, às vezes adivinho
o instinto da besta no desafio
convertido o ánimo em desalinho
vago sem rumo ao livre alvedrio
ela me persegue com muito tino
eu também a espreito com arrepio
para perceberem qual é o destino
e mudarmos o rumo já disposto
polo reptil selvagem e assassino
Eu quero berrar forte e sobreposto
ao ruido que emite quando chia
mirar de frente, sem medo, seu rosto
e nom render-lhe jamais pleitesia
proclamando bem alto umha protesta
contra sua opressom e tirania
Hei matar a ruim cobiça da besta
para que nom se instale e permaneça
alimentada com a nossa ingesta
Batem os coraçons com grande arela
de poderem expressar com firmeça
as palavras da razom sem cautela
É tempo de dar-lhe em toda a cabeça
matar a submissom que nos produz
viver sob a tutela desta peça
Afastar-nos há de quem nos conduz
ao abismo que nos desapareça
sem dia, sem sol, sem nengumha luz
De nós depende que nos acaeça
Belém Grandal
Subscrever:
Mensagens (Atom)